Tempo, caminhos, amores, mudanças.

O relógio me diz que já não tenho mais tempo. Rápido, sem conversa, as tarefas precisam ser entregues. Padeiro, cuide para que o pão não queime. O prazo é de dez minutos para que o relatório seja enviado. Até amanhã o dinheiro cai em sua conta. O ônibus passa sempre no mesmo horário. Os ponteiros descompassados me avisam que já passou da hora para que a vida aconteça. Mas para quê? Pra quem? É cedo ou tarde? Passou do tempo, passou do ponto. Não foi dessa vez. Próximo.

Qual será o caminho que leva até a vida fértil? Os portões trancados dizem o óbvio, daqui você não passa. O limite é até aqui. O que tem aqui dentro não é pra você. Toda a exuberância do verde daí de dentro, contrasta com a aridez daqui de fora!

O que te faz ter tudo isso, enquanto eu que nada tenho, suplico que abras apenas um singelo portão?

Me deixa passar? Deixa-me desfrutar da beleza também? Que olhando daqui, nem parece tão belo assim.

A verdade é que eu só queria estar em seus braços, mas para os outros sempre fui carregada por você. E por mais que eu te abraçasse genuinamente, rapidamente me tornava um peso extra em seus braços. E de tão grande que ficou esse fardo, eu mesma me deixei carregar. Já não existia ninguém entre nós, eu mesmo pulava em seu colo e você mesmo me deixava cair. Não eram mais os outros. Éramos nós.

Calma. Preciso de água, não estou mais em meu lugar. Me vi fora da minha zona de conforto, eu tenho que respirar! Já são tentativas e mais tentativas para tentar caber. E onde pensei ter morada, ainda não estava pronta para comportar todo o ser que se é. Todo o ser que eu sou. Ficaram os rastros pelo chão.

Tempo, caminhos, amores, mudanças.

C'est la vie.


Com carinho,

 

Raquel, escreve.

Obs.: Esse texto originalmente foi escrito no dia 22/09, durante uma aula de gatilhos de escrita com a Tayná Saes, do Sutilezas Atômicas. Acabei de revisá-lo e criar cadência e conexão entre os temas.

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